Tenho a estranha mania de categorizar as músicas que eu conheço, e a posição mais alta que elas podem ocupar dentro desse chato sistema, é carinhosamente apelidada por mim de "PresentesDosDeusesDaMúsicaProsMerosMortais".
O "PresentesDosDeusesDaMúsicaProsMerosMortais" é, trocando em miúdos, como se antes de nascer, Deus olhasse pra você e falasse "Quer nascer? Então nasça, mas antes escuta esse coral de 'Roda Viva' do Chico."
E os requisitos que separam tal posição das outras é simplesmente o fato de conseguir me arrancar um suspiro de felicidade por poder estar ouvindo algo assim. Ficar arrepiada também conta, uma reação completamente comum ao ouvir por exemplo os dedos experientes de Keith Richards dançando pelo braço da Fender Telecaster em "Sympathy for the Devil", ou a força e a verdade na voz de Renato Russo quando ele conta que Johnny era fera demais (demais!) pra ter vacilado daquele jeito, ou ainda a doce percussão ao fundo de "Hotel California".
Então para aqueles que assim como eu, são apaixonados mais por música (dentre outras artes), discutiremos um pouco aqui de como existem letras, melodias e arranjos que nos fazem chorar as dores do autor/compositor, discutiremos como uma junção de acordes, ou alguns versos que utilizam de linguagens do dia-a-dia fazem pessoas terem uma noção da realidades que não pertencem. Tentaremos, mesmo que em vão, entender porque essas músicas especialmente foram dadas pelos
"grandes" pra nós.
Semanalmente, dentre outros assuntos, postarei minha opinião sobre músicas que eu acho que valha a pena discutir, músicas que eu goste de ouvir por me fazer sentir certas sensações, ou porque lembro de alguém que gosto muito, ou porque alguém que gosto muito tenha me mostrado (às vezes pode ser a mesma pessoa), ou até músicas que eu não gosto, mas que poderia ser colocada no "PresentesDosDeusesDaMúsicaProsMerosMortais", na opinião da maioria.
Talvez (e provavelmente) não concordem com a minha opinião em relação as canções, mas levem em consideração que cada um sente algo diferente ao ouvi-las, cada um ouviu em momentos diferentes, estavam sentindo coisas diferentes, já passaram por situações que o outro não passou.
Então a coluna é pra juntos, desfrutarmos das obras-primas que conhecemos, tentar saber da história por trás da canção e o que o compositor estava sentindo e passando pra escrever tais versos. E como todo texto do "Presente dos Deuses" que vou postar eu terminarei com uma indicação de música, nesse eu peço que escutem "Boa Esperança" do Emicida, ótima música pra levar uns tapas na cara e repensar alguns atos.
Até semana que vem com uma análise filosófica e profunda do hino "Wish You Were Here" do Pink Floyd.