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Coluna do Samuel

Coréia do Norte: afinal, o que é verdade e o que é mito? #1



A propaganda não é, certamente, novo utensílio geopolítico. Conheceu seu auge na Guerra-Fria quando, tanto de um lado como de outro, agitou os ânimos daqueles que estavam em busca da compreensão de qual era o melhor sistema político-econômico para se viver.


E na atualidade observamos um cenário muito semelhante. A diferença é que o lado mais afetado não tem um direito de resposta abrangente, e, por isso, muitas mentiras transformam-se em "verdades universais e absolutas".

A Coréia do Norte (RPDC) é esse lado, alvo de diversas calúnias infundadas. A primeira, que será criticamente analisada nesse texto, é, em minha opinião, a mais importante e fundamental para o iniciar dessa série:

"Kim Jong-un é um 'ditadorzinho adolescente', que se mantém no poder porque se beneficia de um sistema de monarquia hereditária." - Afirmação que receberia, aliás, tranquila aprovação de Jean Wyllys e sua equipe.




Simples imagens poderiam aniquilar facilmente esse equívoco e finalizar o texto:


Mas como esse texto se propõe didático, aprofundarei a questão para o bem do debate, pois analisando as imagens acima notamos 2 nomes de grande importância no esquema político coreano. São eles:

Pak Pong-ju (á esquerda)


Pak Pong-ju, começou trabalhando em uma fábrica de alimentos em P'yŏngan do Norte, até se tornar o gerente desta. Aos poucos, foi subindo posições dentro do PTC (Partido dos Trabalhadores da Coreia) até que em 1980 converteu-se no membro suplente do Comitê Central. Antes ainda de ser Primeiro-Ministro, foi ministro da Indústria Química até 2003. O posto de Premier deve ser eleito pela grande maioria na Assembleia Popular Suprema.


(Assembleia Popular Suprema, foto de 2014)


Kim Yong-nam


Kim Yong-nam, chegou a trabalhar como professor após se formar na universidade. De 1983 a 1998 foi Ministro de Exteriores, até que nesse mesmo ano passou a desempenhar o atual cargo, o de Chefe de Estado, a cabeça visível da Coreia frente ao estrangeiro e aquele que dirigirá o órgão executivo do país.


A pergunta que já era para ter sido feito por todas as mentes críticas que leem esse texto é a seguinte: "Onde está Kim Jong-un nessa história toda? Afinal, a grande característica de um ditador é a centralização das diferentes esferas do poder em suas mãos". E a resposta para isso é ridiculamente simples, o problema é que a desinformação midiática a omite de forma assustadora: Kim Jong-un ocupa, na verdade, o cargo máximo no Comitê de Defesa Nacional, organismo do parlamento que dirige o exército. Portanto, Kim não tem o poder absoluto. E, segundo a constituição, seu posto está sob a autoridade do parlamento e não o contrário: "[...] o presidente do Comitê de Defesa Nacional da República Popular Democrática da Coreia se responsabiliza pelo seu trabalho ante a Assembleia Popular Suprema."[1]


Kim Jong-un, filho de Kim Jong-il e Marechal das Forças Armadas da Coreia do Norte

E a acusação de que o sistema coreano é uma "monarquia hereditária", e que tem como base a "Dinastia Kim" também não faz sentido algum. Primeiramente, é necessário analisar qual era o cargo que Kim il-Sung (fundador da RPDC e avô de Kim Jong-un) exercia. Até 1972, il-Sung foi o Primeiro-Ministro do país e, a partir desse ano, o Presidente da República. Os cargos ocupados por eles são, como visto, totalmente distintos. O segundo fator substancial e de maior peso, é que eleições ocorrem a cada 5 anos, não possibilitando, portanto, essa "herança de poder" denunciada pelos meios de comunicação reacionários ocidentais.


9 de março de 2014, o dia das eleições

A afirmação inicial, que faz parte de mais uma difamação barata, não passa de um MITO. E para finalizar, alguns vídeos das eleições norte-coreanas:





[1]: http://www1.korea-np.co.jp/pk/061st_issue/98091708.htm (Constituição Norte-Coreana)

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