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Coluna do Samuel

Coréia do Norte: afinal, o que é verdade e o que é mito? #2


Quando comprometi-me a realizar uma série de 5 postagens que respondessem à farsas acerca da história e da atualidade da Coréia do Norte, sabia que deveria escolher as mentiras mais recorrentes, pois um turbilhão infindável de bizarrices é espalhado como sendo "verdades absolutas" de um país regido por uma "monarquia hereditária". A ideia do projeto é demonstrar o quão frágil são as análises aceitas por uma maioria no ocidente, e mais especificamente, no Brasil.


Nesta 2ª publicação compreenderemos o que está por trás das "inúmeras execuções do regime norte-coreano", noticiadas com um vigor absurdo pelas mídias ocidentais, tentando, dessa forma, desqualificar o sistema socialista inaugurado em 1953.


A mais antiga das selecionadas por mim é datada de 29 de agosto de 2013. Segundo ela, uma mulher tida como ex-namorada de Kim Jong-Un juntamente com 11 pessoas foram fuzilados por terem tirado fotos durante uma orgia. A fonte da notícia, parte mais curiosa e que se mostrará fundamental, é o jornal sul-coreano South China Morning Post [1]. Pesquisando um pouco sobre o caso, acho uma notícia do mesmo site, porém, após 1 ano da tal "execução":

Aparentemente a execução foi "de mentirinha". Hyon Song-wol, "a executada", apareceu na televisão alguns meses depois com sua banda "Moranbong" e o caso também foi noticiado pela Mail Online [2]:


Indo para outra notícia de 29 de Abril de 2015, teremos a "execução de 15 altos funcionários do governo" [3]. A notícia, mais uma vez, é oriunda da Coreia do Sul, ou melhor, dos "serviços secretos sul-coreanos". A única fonte trazida é esta, que aliás nem traz nomes e/ou cargos dos 'fuzilados'. Além de trazer a falsa ideia (já desmentida por mim neste texto: Coréia do Norte: afinal, o que é verdade e o que é mito? #1) de que Kim seria "líder supremo da Coreia do Norte". A não credibilidade desse tipo de notícia deveria ser evidenciada rapidamente pelo leitor atento e crítico, e jamais aceita prontamente como "fato".



Cabe ainda analisarmos como as sessões oficiais para averiguar atos anti-Coréia são executadas. O vídeo abaixo faz parte da investigação de um desertor que praticava o tráfico de crianças órfãs norte-coreanas que tinham idade entre seis e oito anos enquanto trabalhava para a Agência de Inteligência da Coreia do Sul, a mesma "preocupada com os Direitos Humanos desrespeitados pelo norte comunista".


Fica claro, então, para bons entendedores, que a preocupação de Seul jamais foi "ajudar seus companheiros do norte", mas sujeita-los às mais medíocres classificações e menospreza-los com toda disposição.


Prosseguindo, trago-vos o 3º exemplo, datado de 12 de Maio de 2015, nele encontramos a informação de que Kim Jong-Un mandou envenenar a própria tia, Jan Song-thaek [5]. As informações sobre o ocorrido são de um "suposto ex-funcionário de Song-thaek", um dissidente identificado como Mr. Park. Tentarei ser breve quanto a esse caso. Ocorre que, esta não é a primeira vez (e tampouco será a última) que um "suposto dissidente sabichão, começa a desmistificar o regime comunista do norte, conseguindo até mesmo informações restritas ao alto escalão do exército". Um dos mais famosos é Shin Dong Hyuk. Reconhecido desertor norte-coreano e tema do livro "Escape From Camp 14". Era "testemunha chave" nos relatórios da ONU sobre os Direitos Humanos na Coréia do Norte. Entretanto, após um tempo admitiu que mentiu sobre parte de sua história. Mas, mesmo assim, o livro ainda é vendido sem qualquer revisão.

George W. Bush e Shin Dong Hyuk. Traidores se dão muito bem, não é mesmo?

E compreender o porquê das mentiras é fundamental: O que sai da boca de um dissidente é, simplesmente, vendido a preço de ouro no ocidente! Tal qual os atletas cubanos que, após participarem de olimpíadas, são cooptados por "grandes empresários".


Ainda sobre o caso acima, em relação ao "castigo endereçado àqueles que levantam a voz ou criticam grandes líderes", acrescento o vídeo dessa simpática norte-coreana:

Ela foi questionada se "poderia ser castigada caso criticasse um dos grandes líderes norte-coreanos"


Chegaremos agora à uma das matérias mais ridículas compartilhadas por todos os meios de comunicação. Se elaborássemos um pódio das notícias mais grotescas enviadas para nós pela grande mídia, em minha opinião, essa estaria na primeira colocação. No dia 13 de Maio de 2015, outra vez tendo como remetente o caricato serviço secreto sul-coreano, o ocidente se escandalizou com a seguinte informação[6]:



Contudo, mais escandalizados ficaram todos um dia depois da notícia, quando o Ministro da Defesa, supostamente executado, aparece na televisão[7]:

"Milagres na Coreia do Norte: Ministro da Defesa "ressuscitado""


Esse cômico exemplo, meus caros, é a demonstração da total incredibilidade do serviço secreto sul-coreano e de seus informantes. E a mídia ocidental, igualmente inconfiável, não se detém a confirmar ou a suspeitar de coisa alguma.


Enfim, finalizarei este texto respondendo uma famosa pergunta que me motivou a esquematizar essa simples pesquisa: "A execução como método de punição é recurso frequentemente utilizado, como coloca a grande mídia, ou é só mais um mito?". A resposta para essa simples pergunta é NÃO, é só mais um MITO, mais uma LENDA contada a nós e repassada hipocritamente pela imprensa de um país cujo aparato militar, segundo pesquisa do ano retrasado, aniquila nas favelas a população jovem e negra, majoritariamente. [8]


Portanto, da próxima vez que se deparar com este tipo de manchete, desconfie, pesquise, vá atrás das fontes. Prometo que não levará mais de 10 minutos.




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